Análise Estratégica - Campeonato Nacional Juniores A – Apuramento de Campeão | SL Benfica - Sporting CP por Luís Estrela



Análise Estratégica - Campeonato Nacional Juniores A – Apuramento de Campeão

Sport Lisboa e Benfica 4- Sporting Clube de Portugal 4

Em termos de Modelo de Jogo ambos os conjuntos apresentaram ideias similares com pequenas “nuances” devido às características dos seus jogadores e das ideias dos seus Treinadores.

A equipa de Tiago Varandas iniciou o jogo com um pressing forte e a utilizar a subida do seu Gr, atraindo os seus adversários para ligar o jogo com o seu Pivot Hugo Neves na zona central e aproveitar o desequilíbrio que as oscilações defensivas criavam.

No desenvolvimento deste conceito, os jogadores de Claúdio Moreira acabaram por realizar uma falta perto da zona do penalti que foi muito bem aproveitada, através de uma excelente movimentação na execução do livre frontal.

Em termos estratégicos foi muito interessante observar que ambos os Treinadores, optaram por escolher dois quartetos de jogadores e realizar trocas constantes na sua equipa entre os 4 jogadores de campo. Desta forma muitas vezes na quadra observávamos do lado do encarnado a presença de Silvestre e Bruno Graça no primeiro quarteto enfrentando com o equipamento verde e branco Célio Roque e Hugo Esteves, ambos jogadores muito influentes na manobra das suas equipas. Desta forma a troca automática e com o mesmo “timing” proporcionava quase sempre os mesmos oponentes apesar de irem alternando por parte de cada equipa 8 jogadores de campo.

Da parte do Sport Lisboa e Benfica, existia a ideia de aclarar uma movimentação na ala para permitir afundar o seu jogo com um jogador avançado mais perto do corredor lateral, utilizar as diagonais curtas na movimentação dos seus jogadores ou aproveitar as individualizações de Silvestre Ferreira para criar desequilíbrios, contrastando com o jogo de Pivot mais efetivo na zona central do conjunto leonino, aproveitando o excelente jogo de costas para a baliza de Hugo Neves.

Devemos realçar que ambos os conjuntos promoveram uma pressão muito forte sobre o portador da bola, conseguindo dessa forma algumas recuperações efetivas, mas também deixando bem claro que a qualidade de jogadores como Célio Coque, Silvestre, Luís Silva, Frederico Lopes, Graça, Hugo Neves, Daniel Machado encontravam muitas vezes nos seus argumentos técnicos soluções de drible e passe para sair a jogar com muita efectividade.

Hugo Neves conseguia sempre segurar de costas muito jogo leonino e com os seus movimentos de rotação desequilibrava sempre a sua marcação, dando ao Sporting Clube de Portugal uma verticalidade muito interessante nos seus movimentos. Estando o jogo muito dividido, Luís Silva ala encarnado consegue um grande golo num remate explosivo igualando a partida. 

A primeira parte desenrola se a um ritmo explosivo e a 5º falta deixa os encarnados obrigado a dosear os seus tempos de entrada no portador da bola. Vão sendo observados também na componente estratégica cantos ofensivos da parte dos leoninos muito bem trabalhados com a bola aérea a cair na zona dos 10 metros, o que deixava muitas vezes exposta a defesa encarnada. Neste duelo, em vários momentos a defesa à zona por vezes devesse ser alternada para mista ou individual tal era a facilidade de remate que os jogadores leoninos encontravam em finalizações no corredor central.

Na segunda parte a equipa encarnada apresenta se mais intensa e consegue empatar o jogo a dois golos na bola de saída leonina que foi muito bem aproveitada pelos encarnados numa transição fortíssima do Capitão Silvestre. Durante esta segunda parte o equilíbrio era a nota dominante mas Hugo Neves estava endiabrado e consegue dois golos plenos de oportunidade, demonstrando mais uma vez a sua qualidade.

Foi observado muitas vezes no conjunto encarnado uma pressão muito alta, onde o jogador Graça conseguiu recuperar várias posses de bola em zonas do terreno interessantes para finalização e no modelo de jogo ofensivo tanto Luís Silva como Silvestre criaram grandes desequilíbrios no 1vs1 ofensivo.

Nos foras ofensivos verificou se muita criatividade de ambos os conjuntos com excelentes movimentações, a integração no ataque do Guarda Redes Leonino que com o seu excelente jogo de pés nos cantos ofensivos e 5vs4 deixava muitas vezes a equipa encarnada muito exposta defensivamente. 

Nos últimos minutos apesar de existir uma vantagem de 4-2 para os visitantes, a equipa encarnada não desistiu e conseguiu alcançar o empate com dois bons golos plenos de coração e de persistência competitiva. Nos últimos minutos o jogo teve muito partido com diversas transições de ambos os conjuntos mas o resultado já não se alterou num 4-4. 

Fica a nota de um jogo muito bem disputado, com grande entrega e uma componente tática bastante interessante de seguir, onde claramente a organização ofensiva superiorizou se à organização defensiva de cada equipa, fruto quer do bom jogo de Pivot de ambos os conjuntos, mas também da abundância de talento individual que existia na quadra. Esta geração tem jogadores muito intensos, de grande qualidade individual em todas as posições e uma cultura tática muito desenvolvida, deixando antever um futuro risonho para muito destes jovens atletas.

Destaque individual
Hugo Silva- Apesar de contarmos no nosso campeonato com Pivots como Joel Queiroz, João Silva, André Silva, Tunha, André Galvão, Ludgero ou Papa Unjanque, por vezes referimos que não temos atletas com o perfil certo para a posição de Pivot nas nossas competições.

Visualizo neste atleta características muito interessantes para a posição especifica que ocupa de “Pivot” :
1- Muito competente a jogar de costas para a baliza e com equilíbrio corporal nos seus movimentos.
2- Consegue gerir os tempos de jogo protegendo muito bem a bola do seu opositor direto, visualizando todo os apoios à sua volta e bom tempo de passe.
3 - Qualidade no primeiro toque para ficar com a bola controlada na posição de pivot. Normalmente esta ação num passe tenso de um colega para pivot, cria por vezes instabilidade na receção de bola. Este atleta revela naturalidade e capacidade inata para receber bolas de costas para a baliza e segurança neste gesto técnico
4- Rotações para ambos os lados de grande qualidade, apresenta maior naturalidade na rotação para o seu pé contrário, conseguindo desequilibrar os seus oponentes, mas também ao rodar para o seu pé forte, fica com o seu bom remate disponível.
5- Um excelente Pivot necessita de ter uma boa visão de jogo a assistir os colegas na altura certa. Hugo Silva revela muito acerto no tempo de passe e não é egoísta a tomar decisões.
6- Instinto goleador e capacidade de finalizações explosivas perto da zona da baliza adversária.
Todas estas características deixam antever a Hugo Silva qualidades de eleição para a sua posição no campo. Se mantiver a sua curva de progressão, tiver minutos de jogo no seu primeiro ano de Sénior, conseguir não queimar etapas na sua fase de consolidação como jogador possivelmente teremos um atleta muito promissor na sua posição de Pivot.


Análise estratégica elaborada por : Luís Estrela
- Licenciado em Treino Desportivo
- Treinador de Futsal.


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