Marina foi bicampeã da Libertadores em... duas semanas



O Cianorte venceu no passado domingo a Copa Libertadores em futsal feminino, mantendo assim a hegemonia brasileira na conquista destas provas.

Depois da prova ser disputada 3 vezes no Chile e 2 no Paraguai, a sexta edição chegava então ao Brasil e era também histórica para os conjuntos brasileiros. Depois de nas 5 edições anteriores existirem conquistas 100 % brasileiras, com 2 do Unochapecó, 2 do Barateiro e 1 do Leoas da Serra, estas equipas que têm todas em comum o facto de serem do estado de Santa Catarina, este ano o representante brasileiro era o Cianorte do Paraná.

6 jogos, 6 vitórias, 45 golos marcados e 5 golos sofridos, num trajeto onde o embate com o Kimberley foi mesmo o mais apertado, com uma vitória de 4-3 que garantiu na altura a vaga na Final, Final essa que acabaram por vencer por 2-0 frente ao Independiente da Colômbia.

Neste conjunto do Cianorte havia uma jogadora que podemos considerar que foi bicampeã da Libertadores em cerca de duas semanas, sendo uma dessas como adepta e outra como jogadora. Sim, isto porque apesar dos números dizerem que a “torcida” do Flamengo é a maior do mundo, tendo o atual campeão brasileiro e sul-americano cerca de 33 milhões de adeptos (mais de 3x que a população de Portugal), a verdade é que neste conjunto e nesta estrutura Marina Loures era  a única flamenguista, e não conseguiu sequer festejar as conquistas do seu clube do coração como poderão descobrir de seguida nesta entrevista que a Zona Técnica Futsal fez com a jogadora.

No ano de 1991 nascia em Juiz de Fora (município no interior do estado de Minas Gerais) a agora campeã da Libertadores pelo Cianorte. Marina nunca foi um nome de grande destaque do futsal brasileiro, mas conseguiu fazer uma carreira interessante, e teve até uma passagem pelo futebol do Santos, que a própria jogadora nos falou: “Eu fiz a famosa peneira do Santos que teve mais de 1500 meninas inscritas em 2010 , acabei passando mas não fiquei no clube porque não me adaptava ao campo e acredito que Isso tenha sido um despreparo mesmo de estar longe de casa”

 Seguiu-se então uma passagem por Pindamonhangaba onde conheceu Marcos, atual treinador de São José, clube que esta também representou e onde colecionou alguns títulos até que em 2013 sentiu necessidade de regressar a casa. “Tive que sair por problemas de saúde na família, que acabou com o falecimento da minha avó e aí eu decidi não voltar mais para o futsal de alto nível”, isto até 2018, ano que representou o Governador Valadares na Taça do Brasil, competição onde despertou o interesse do Cianorte.

Mas antes disso, entre 2014 e 2018, Marina representou e ajudou a estruturar o Buscapé, um clube da sua terra natal, Juiz de Fora, e que a jogadora admite que “hoje é minha maior paixão, realmente é inexplicável o que sinto pelo projeto e pela equipe. No BUSCAPÉ eu vejo a realização de um sonho a longo prazo que é gerir um grande projeto de Futsal Feminino de base até adulto”

Marina acabou por chegar ao Cianorte em 2019, e a participação na Libertadores teve um grande peso para essa tomada de decisão. A própria jogadora acabou por nos confidenciar que esteve muito tempo a pensar nesta proposta e que apenas aceitou quando viu que Nega tinha sido anunciada pelo conjunto do Paraná. Isto porque a Supercopa, que dita o acesso a esta libertadores seria disputado entre o Female (ex-clube de Nega) e o Cianorte, e essa contratação para além de dar um grande acréscimo ao Cianorte acabava por fragilizar também a adversária e aí acreditou logo que seria possível conseguir este sonho de conquistar a Libertadores e aceitou entrar no projeto.

Com esta vitória Marina tem já uma carreira bem concretizada, e não escondeu a importância desta conquista da Libertadores: “Falando em objetivos pessoais sim , a Libertadores da América veio pra coroar grandes títulos. Eu não zerei o game falando em ser campeã de tudo relacionado a clubes no Brasil mas posso dizer que já disputei as maiores competições a nível de Clubes da América do Sul, joguei a antiga Liga Nacional em 2011/2012 organizada pela CBFS , JABS que também foi extinto e ganhamos em 2012 , Estaduais , Abertos , Taça Brasil e Libertadores da América”

Para além da Libertadores, o Cianorte venceu Estadual Paranaense, LNFF e Super Copa, conseguindo assim um total de 4 conquistas em 5 provas (foi eliminado nos Quartos da Copa Brasil), e questionada sobre qual o segredo para tantos triunfos, Marina respondeu: “Na verdade foi muito treino , lá em Cianorte eu Posso garantir ser uma das equipes que mais treina no futsal feminino do Brasil (risos), mas acho que teve a ver também com saber se reinventar diante de dificuldades. Na Super Copa eramos uma equipe totalmente recente e fomos felizes , na Liga Nacional vínhamos de uma eliminação na Copa do Brasil em Lages que eu senti muito e mesmo assim conseguimos o título,  Paranaense a mesma coisa depois de uma derrota no primeiro jogo e em menos de 24 horas ter que encarar a partida de volta e na Libertadores a responsabilidade de representar o Brasil é de manter a hegemonia das equipes.”

Como falámos no inicio, Marina é a única adepta do Flamengo nesta equipa, e se o conjunto de Jorge Jesus conseguiu em cerca de 24 horas conquistar a Libertadores e o Brasileirão, a numero 13 do Cianorte não pode festejar como queria aquela que era a primeira Libertadores do seu clube que ela via (uma vez que não era nascida na altura de Zico e companhia), isto porque nesse mesmo momento tinha de estar concentrada na final do Estadual Paranaense, algo que a jogadora considerou como um momento “tenso”.


Marina festejou a conquista do Estadual com a camisola do Flamengo como pode ver na imagem


Depois da conquista do Estadual, Marina apareceu com uma camisola do Flamengo e recebeu algumas criticas: “Algumas pessoas até criticaram o fato de estar com a camisa do clube na comemoração do nosso título mas foi realmente um ato espontâneo e de desabafo depois de um final de semana tenso”

Quanto ao sentimento ao conseguir também ela, duas semanas depois conquistar dentro da quadra uma Libertadores, Marina afirmou: “ainda não sei a dimensão do que aconteceu! Na verdade, vamos descobrindo aos poucos. Sabemos que foi um grande feito e que não é sempre que se ganha uma Libertadores, o caminho começou há um tempo e com atletas que nem estavam aqui nessa conquista mas a sensação é bacana demais,  a repercussão tá sendo muito legal e eu acredito que seja um divisor tanto na minha carreira quanto para o Cianorte”.

Quanto ao seu futuro, este continua uma incógnita: “Na verdade a minha intenção realmente era voltar somente esse ano pro "alto nível " eu já tenho uma vida fora do futsal,  negócio próprio ,  já vivo de outra renda então o meu objetivo agora é descansar e aproveitar as férias e só daqui alguns dias analisar as propostas pra ver se continuo ou não no futsal de rendimento.”

Já questionada quanto à possível repetição da Copa Intercontinental, desta feita entre o Cianorte e o Roldan (campeão europeu de clubes em 2018/19), Marina admite que seria melhor “um torneio mundial de clubes com mais equipes , uma coisa maior, mas claro que se houver oportunidade a gente vai encarar como tem que ser, para ser campeão”.

Numa mensagem final aos seus seguidores, Marina disse: “Agradeço a todos que acompanharam, todos que lutam pelo futsal feminino em geral e que continuem com essa loucura que é a nossa modalidade porque a gente tem esperança que aos poucos as coisas melhorem pra todo mundo!”

Foi então assim a entrevista da Zona Técnica com Marina Loures, jogadora a quem aproveitamos para parabenizar pela conquista da Libertadores, e por agradecer a disponibilidade imediata para esta conversa.

 


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