Dividir Para Evoluir | Domingos Machado, treinador do CD Santa Clara

A opinião de hoje chega-nos da Região Autónoma dos Açores, mais precisamente da Ilha de São Miguel, onde o CD Santa Clara foi campeão regional.

Como timoneiro desta equipa que depois de vencer esse campeonato da sua AF, voltou a levar a melhor na competição que elegia o Campeão de toda aquela região autónoma que iria disputar a Taça Nacional, está Domingos Machado.

O experiente técnico chegou a este conjunto a passada temporada, e venceu então por duas vezes essa mesma prova, e se no ano passado conseguiu uma passagem à segunda fase do nacional, esta época viu-se privado de participar nessa prova, e deixa-nos então a sua opinião sobre a criação de uma segunda divisão nacional.

Deixamos então sem mais demoras as palavras de Domingos Machado, a quem agradecemos desde já pela disponibilidade mostrada:

Que dificuldades e desafios poderão os clubes esperar com este novo desafio?

O desafio é grande, implica uma reestruturação organizativa em alguns clubes, desenvolvendo uma estrutura forte. Muitos deles já estão preparados e sonham por um projeto como este há bastante tempo, diria que a maior parte das equipas campeãs distritais esta é altura deste desafio.

Quanto às dificuldades, diria que o maior entrave prende-se ao nível do financiamento, porém não constituiu um impedimento mas sim um motivo para unir esforços para desenvolver um projeto que trará benefícios para todos.

Ao nível competitivo, que é a minha área, não vejo desvantagens pelo contrário vislumbro um futuro promissor para a modalidade.

Um patamar intermédio entre as competições distritais e a primeira divisão, poderá trazer mais competitividade e com isso criar clubes mais preparados para uma eventual subida ao principal escalão do futsal feminino?

 Qualquer clube, ou pelo menos a maior parte deles ambiciona competir no principal escalão e, ascender ao campeonato nacional de futsal feminino, (esperemos que passe a 1.ª Divisão) no atual modelo de competição, torna-se extremamente difícil pois o nível competitivo é baixo nos campeonatos distritais, assistimos a desníveis muito grandes, tanto técnica como fisicamente, com ritmos competitivos bastante desiguais. Com este projeto os clubes têm possibilidade de planear e preparar melhor a médio prazo uma subida gradual até ao topo. O equilíbrio entre as equipas será maior, o que trará, inevitavelmente maior competitividade e mais qualidade ao futsal feminino em Portugal. Também, não podemos esquecer que a descida das equipas do principal escalão deixará de ser tão abrupta ao nível competitivo.

E olhando também para os campeonatos distritais que também serão afetados com esta medida, quais serão os prós e os contras da construção duma segunda divisão?

Na minha opinião traz mais vantagens do que desvantagens. Hoje, vislumbro uma desvantagem para os campeonatos com menos clubes e apenas no arranque da nova época, que será a dificuldade em constituir um número mínimo de equipas para competir (acontece na ilha de São Miguel), ultrapassada esta dificuldade, acho que esta alteração trará uma motivação extra, não só para as atletas mas também para os clubes que olharão para a modalidade de forma diferente, com ambição de apostar mais forte. Além disso, assistiremos cada vez menos a resultados com goleadas anómalas, que só servem para desmotivar quem perde mas também quem ganha. A modalidade sai reforçada e melhor preparada em todas as divisões, refletindo-se a nível nacional e, a longo prazo, a nível internacional.