Dividir Para Evoluir | Rute Duarte, jogadora do GD Valverde
Depois de ontem lhe termos deixado a mensagem surpresa de uma campeã europeia, hoje é uma vice-campeã desse mesmo europeu que nos deixa a sua opinião.
Falamos de Rute Duarte, jogadora de 36 anos que milita no Grupo Desportivo de Valverde, conjunto que venceu o Campeonato Distrital de Castelo Branco, e que na passada temporada em época de estreia no Campeonato Nacional tinha conseguido mesmo esse regresso à seleção.
Olhando para o Valverde, este é sem dúvida um conjunto hegemónico no seu distrito, tendo vencido o distrital todos desde a criação desta secção, com a exceção da época 2018/19, em que participaram no Campeonato Nacional, sendo por isso mais um dos conjuntos que já necessita desse novo nível competitivo.
Sem mais demoras deixamos então as palavras de Rute Duarte, a quem agradecemos a disponibilidade:
Quais os benefícios e desvantagens que vocês atletas esperam retirar nesta nova fase?
Espero sinceramente que a possibilidade de se conseguir formar uma segunda divisão se venha a concretizar. O futsal feminino, pela qualidade que têm demonstrado ao longo dos anos, já merece este investimento e este esforço quer por parte da FPF, quer por partes dos clubes. Bem sei que para isto se concretizar é necessário um esforço grande pelos envolvidos, e aqui refiro-me essencialmente a questões financeiras e logísticas, que creio que podem e devem ser ultrapassadas em prol de um bem maior que é o crescimento da modalidade, para que se torne mais atrativa e sobretudo mais competitiva. É urgente colmatar o fosso que atualmente existe entre o Campeonato Nacional e os Campeonatos Distritais.
Com este novo campeonato a competitividade no nosso futsal pode melhorar/aumentar? Porquê?
Como temos visto, ao longo dos anos, as equipas que chegam ao Campeonato Nacional chegam muito fragilizadas e acabam, na maioria da vezes, por descer novamente, não quer com isto dizer que não tenham qualidade, eventualmente até podem estar dotadas de boas jogadoras e de dispor de uma boa capacidade de trabalho técnico/táctico, porém falta-lhes algo, que no meu entender é fundamental, faltas-lhes competitividade, falta-lhes aquela "estaleca" que apenas se consegue com a competição e jogando contra as melhores, jogos onde as atletas individualmente e coletivamente têm de se superar, de se transcender e isso, claramente, não é conseguido competindo nos nossos distritais. Por estas razões só posso ambicionar uma segunda divisão, onde a competição se irá assemelhar em muito ao Campeonato Nacional, onde proporcionará o crescimento das equipas e das atletas nela envolvida que, certamente, chegaram mais e melhor preparadas ao Campeonato Nacional, tornando-o consequente mais competitivo.
E em termos de visibilidade tanto para clubes como para vocês atletas, o que achas que essa possível 2ª Divisão Nacional pode trazer de novo?
Aqui falo essencialmente como atleta porque é isso que sou e todas as atletas ambicionam crescer, querem pisar os melhores "palcos" e jogar com as melhores para se tornarem também elas melhores, no fundo querem ter as mesmas oportunidades para mostrar o seu valor, e assim, terem sonhos e aspirações colectivas e individuais. Uma segunda divisão, no meu entender, trará isso e irá proporcionar às atletas, às equipas e aos clubes as mesmas oportunidades e mais importante uma adaptação e uma experiência mais real e semelhante ao Campeonato Nacional. Competitividade é sinónimo de qualidade, os clubes e as atletas querem competitividade para apresentar maior qualidade e, assim sendo, a modalidade é quem mais fica a ganhar.