Dividir Para Evoluir | Luís Vicente, treinador do UD Castromarinense



Hoje viajamos até bem ao sul do país, mais precisamente até Castro Marim.

É nesse concelho que joga o Castromarinense, equipa que esta temporada surpreendeu e venceu o Campeonato Distrital Algarvio, terminando assim com as habituais conquistas do Machados, sendo estas novas campeãs lideradas por Luís Vicente.

O técnico de 41 anos conseguiu um tão desejado título, mas acabou por ver todo o esforço de uma época a ir por água a baixo depois de ver as competições encerradas e participando num Distrital que até tem aumentado o número de equipas nos ultimos anos mas que já começa a tornar-se monótona no que a jogadoras adversárias diz respeito, sendo assim mais um defensor da criação dessa segunda divisão.

Se mais demoras deixamos então as palavras de Luís Vicente, a quem agradecemos desde já a disponibilidade mostrada:

 

Que desafios e dificuldades poderão os clubes esperar com este novo desafio?

Antes de mais agradecer este convite para poder promover o futsal feminino nacional, o qual venho fazendo a mais de vinte anos a esta parte, em especial no Algarve.

Relativamente à questão, as maiores dificuldades irão de encontro às nossas maiores ambições quer isto dizer que a dificuldade será a nível competitivo, pois iremos encontrar equipas novas, desconhecidas quer física quer tacitamente, dificuldades esta que nos irá fazer crescer como equipa, que o nível de exigência nos fará progredir, evoluir e acima de tudo aprender, para que possamos passo a passo praticar um futsal de maior qualidade.

Claro está que seria hipócrita da minha parte se não referisse que as deslocações e os custos inerentes não irão causar dificuldades. Obvio que sim, mais será facilmente ultrapassado pela vontade, pelo querer e disponibilidade, que eu sei que elas (jogadoras) têm, pois quando se fala de futsal feminino, fala-se inevitavelmente de jogadoras de pura entrega, quer dentro das quatro linhas, quer fora, humildes e honestas para com a modalidade.

Quanto ao clube será um maior investimento, o qual certamente será compensado com a maior receita dos patrocinadores, maior dinamismo do Clube, do Concelho sendo a autarquia levada a apostar ainda mais, acreditando que se possa incluso ganhar mais receita do que os custos. 

 

Um patamar intermédio entre as competições distritais e a primeira divisão, poderá trazer mais competitividade e com isso criar clubes mais preparados para uma eventual subida ao principal escalão do futsal feminino nacional?

Sem dúvida alguma, aliás está competição agora requerida já há largos anos que tem vindo a ser debatida, mas nunca por motivos desconhecidos, ou pelo feminino ficar sempre como última opção, foi colocada em pratica.

Pelas diversas vezes que disputei taças nacionais e taça de Portugal notei sempre algumas discrepâncias a nível das equipas, em especial algumas muito mais capacitadas, quer física, quer técnica/tacitamente pois os campeonatos onde essas ditas equipas jogam são mais competitivos, e com poucos jogos realizados com essas equipas pouco se pode evoluir.

Ao criar a 2 divisão nacional, este escalão intermédio faria com que as equipas evoluíssem em todos os aspetos, pois seriam feitos muitos jogos, o nível de motivação seria outro, e como consequência em caso de subida ao principal escalão estaríamos obviamente mais preparados, mais ambientados com toda a envolvência, bem como os clube com melhor estrutura.

Não esquecendo, e estando as nossas seleções femininas de Futsal em enorme ascensão, seria uma mais-valia também para os selecionadores poder contar com o aparecimento de novas jogadoras, que atualmente a jogar em distritais tem pouca visibilidade. 

 

E olhando também para os Campeonatos Distritais que também serão afetados com esta medida, quais serão os prós e os contras da construção duma segunda divisão?

Claro que a nível dos distritais haverá sempre prós e contras, mas penso que será mais o benefício.

Atualmente existe já distritais que pelo número reduzido de equipas surgiu a solução dos inter distritais, colmatando de imediato a situação, criando condições para que as equipas continuem a trabalhar e desenvolver o seu trabalho, logo penso que a solução, caso distritais ficassem com numero reduzido de equipas, já esta sendo colocada em pratica e com resultados positivos.

Por outro lado existe campeonatos distritais, e falando por conhecimento de causa, no campeonato distrital do Algarve, que a competitividade já está um pouco “saturada” em virtude de serem sempre as mesmas jogadoras, apesar de algumas vezes mudarem de clubes, criando aqui uma espécie de rotina, que a meu ver, em nada ajuda no desenvolvimento das atletas.

Com a criação da 2 divisão nacional surgirá novos desafios, haverá mudanças, subidas, manutenção e descidas das equipas, e ao criar novos desafios estamos a apostar no crescimento das atletas, treinadores, dirigentes, dos clubes e certamente com esta nova projeção apareceram mais clubes interessados em ter na sua estrutura desportiva, equipa de futsal feminina.

Para concluir, e nesta fase que nos permite maior tempo de reflecção, derivado à pandemia, consigo ver que o desporto e nomeadamente o futsal para além da atividade física, torna-se uma forma de bem de estar, de ensinamentos diários, que nos capacitam de forma a poder trabalhar em equipa, sabendo ouvir e interagir, o que nos dias de hoje é importante

Obrigado pela oportunidade, desejando a todos muita saúde e felicidade e apelando a que FIQUEM EM CASA, para que brevemente possamos retomar o nosso quotidiano. 

 



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