Marcos Antunes: "criar a identidade do Jogador angolano e potenciar todas as suas características inertes a África"



Marcos Antunes, coordenador do projecto AFONSINHOS, será o Coordenador Técnico para a Formação da Liga Profissional Angolana de Futsal

Em exclusivo para a Zona Técnica Futsal, Marcos Antunes falou do passado, presente e futuro onde o futsal tatua a sua vida. 

Zona Técnica - Boa tarde, como surgiu o Marcos no futsal, de onde vem esta paixão?
Marcos Antunes - A paixão vem da rua. Dos jogos nas caixas da fruta. Depois mais tarde com o Futebol de Sala no Desporto Escolar.
Foi crescendo a paixão sempre pela emotividade do jogo e a sua imprevisibilidade. E o golo que sempre me apaixonou.
Depois foi crescendo sentindo que tinha e tenho a missão de ajudar os outros, os jovens e porque não através do Futsal?

ZT - E este gosto pela formação?
MA - Poder ver e observar o crescimento e evolução dos atletas e das equipas, por aquilo que idealizas e pelo teu método de trabalho é apaixonante.
Vê-los crescer, com valores, e com a possibilidade de praticarem desporto de forma salutar, não há palavras que consigam descrever esta sensação.
Sinto que é a minha praia, a minha função.

ZT - Os Afonsinhos são hoje uma referência em Portugal e no estrangeiro, qual o segredo para este êxito?
MA - Muito trabalho, resiliência e muita qualidade de todos os elementos que tenho ao meu lado.
Sozinho nunca vais conseguir conquistar nada.
Reconhecer a importância de todos e trabalhar muito é o primeiro factor de sustentabilidade e operacionalização de um projecto desportivo.
E depois, tudo isto junto e conseguindo aliar qualidade de trabalho e condições, está a papinha toda feita para que os jovens possam usufruir de algo que os apaixona: o Futsal.

ZT - O ano passado o Movistar e esta época a federação de Angola de Futsal e a Liga Profissional de Futsal, significa que estas a fazer as coisas bem, até onde pensas chegar?
MA - A minha ideia é poder expressar em trabalho aquilo que milhares de treinadores portugueses fazem de qualidade em muitos Clubes de Futsal.
Temos uma sensibilidade e uma qualidade que ultrapassa fronteiras claramente.
Agora é termos a capacidade e abertura de aceitar desafios e sair das nossas zonas de conforto e sermos ambiciosos.
Espero poder abrir as portas a mais colegas e a mais oportunidades porque como referi o trabalho de todos é meritório.
E penso chegar onde Deus me deixar e onde o meu trabalho abra oportunidades, sendo que a paixão são também, para além das condições, a paixão pela modalidade e pelas pessoas que seriamente nos explicam o que querem de nós.

ZT - Como chegou este convite da Liga de Futsal Angolana?
MA - Este foi uma ano atípico e que ficará para sempre marcado por uma memória negativa do Covid.
A partir de momento que fiz o Curso de Coordenação Técnica da FootballSchools da Federação Portuguesa de Futebol, os convites foram surgindo dos mais variados países. Algo que me surpreendeu.
Aliado ao trabalho reconhecido dos AFONSINHOS foram abertas várias hipóteses, que como disse e respeitando todos os convites me fizeram parar e pensar.
Com interesse mútuo em África, e no trabalho a desenvolver, cheguei à fala com o Dr. Dino Paulo, Responsável organizativo da Liga Profissional de Futsal de Angola.
Reconhecia o meu trabalho e tínhamos muitos pontos convergentes nas nossas ideias futsalisticas.
Procurava alguém para criar um projecto de Formação de Futsal para os Jovens Angolanos.
E é aí que entro.
Os meus pais são naturais de Angola, tenho lá família directa e foi um país que sempre me apaixonou.
A minha mãe faleceu em fevereiro e tinha o sonho de um dia me ver a fazer algo pelos jovens do seu país.
E o fator coração falou mais alto.
Depois também todas as condições propostas foram irrecusáveis.
O Dr. Dino Paulo tem as características que referi há pouco: é gente de bem, e tem uma paixão enorme por o seu país e o projecto da Liga, que está excelente.
Estavam conjugados os fatores necessários para que chegássemos a acordo. 

ZT - Em que moldes será a colaboração e quais pensas serem os primeiros passos a dar naquilo que será o teu trabalho?
MA - Nesta função de Coordenação técnica de formação serei capaz de facilitar e fazer funcionar, na forma e no conteúdo, cada aspeto do trabalho de formação desportiva, de maneira integrada, com uniformização de diretrizes e princípios, estimulando o desempenho e a produtividade de todos os envolvidos.
A ideia é criar documentos transversais da modalidade e aplicar e operacionalizar no terreno.
Angola está no Mundial e é necessário no futuro criar a identidade do Jogador angolano e potenciar todas as suas características inertes a África e potencializar essa vertente, formando com qualidade.
Para terem uma ideia há 11 milhões de jovens no país, e por exemplo um milhão e meio só em Luanda.

ZT - O que esperas encontrar por la e como vais estreitar as relações entre a realidade angolana e os Afonsinhos?
MA - Contextualizar a área onde vou intervir é o que tenho estudado nos últimos dias.
A ideia aqui é trabalhar profissionalmente sem as ideias dos AFONSINHOS.
Mas é claro que tudo o que fazemos cá poderá, de forma adaptada ser realizado lá.
Estudar bem os dados, as informações e em função de tudo isso agir.

ZT - O teu maior desejo depois de aceitares o projecto da Liga Profissional de Futsal é?
MA - Ser feliz com o trabalho idealizado e colocado no terreno e ser reconhecido pela qualidade do mesmo.
Será sinal que todos os envolvidos ficaram satisfeitos.
Termino agradecendo à minha família, especialmente a minha Esposa e Filho, pelo apoio, amor e força nesta fantástica aventura de uma vida.
Por último a todos os portugueses que trabalham no Futsal: acreditem muito no vosso trabalho, na vossa crença e na vossa orientação e objectivos.
Um dia, sem dúvida, o comboio vai passar e vão conseguir apanha-lo.


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