Primeira vez de Portugal sem Ricardinho e Cardinal simultaneamente
Situação
inédita desde… há quase 13 anos
O duplo confronto diante da República Checa, dias 6 e 9 de março, dita uma situação inédita e curiosa na história da Seleção A.
Pela primeira vez em jogos a contar para qualificações e fases finais de Mundiais e Europeus, Ricardinho e Cardinal vão estar ambos simultaneamente ausentes em campo. Nunca tal tinha acontecido.
Com efeito, desde início de 2008, data da primeira internacionalização do pivot do Sporting, que pelo menos um destes dois craques de exceção esteve sempre ao serviço dos selecionadores Jorge Braz e Orlando Duarte.
Nos 72 jogos disputados, o Mágico esteve presente em 64 (63 vezes no cinco inicial, 61 golos) e Cardinal atuou em 56 (32 vezes no cinco inicial, 51 golos). Estiveram juntos em 48 dos 72 embates (66,7%), fizeram parte do cinco inicial em 31 desses 48 jogos, e marcaram ambos em 12 jogos.
O capitão, melhor futsalista do planeta neste período em seis ocasiões sendo cinco consecutivas (2010, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018), faturou em 36 desses desafios, 56,3% dos que participou. Cardinal, um dos melhores pivots do mundo nas últimas épocas, marcou em 34 jogos (60,7%), e apresentam cada um uma média muito próxima de um golo por jogo (0,95 e 0,91 respetivamente). Ou seja, não é exagero nem descabido afirmar-se que de alguma forma, com ambos na ficha, em média Portugal “começa” a ganhar por 2-0.
Em seis jogos Ricardinho marcou todos os golos da partida, Cardinal faturou 100% dos golos em cinco ocasiões. Em 34 jogos dos 72 a soma dos golos marcados significou pelo menos metade do total da equipa, e em 17 jogos foi superior a dois terços do total da equipa. Apenas em 14 dos jogos (19%) nem um nem outro “molharam a sopa”. Sublinhe-se que Portugal nunca ficou em branco e em apenas sete embates marcou um escasso golo.
Diga-se, a talho de foice, que em contexto ‘perto do oficial’, foi no distante Grand Prix Brasil 2010 – curiosamente a competição estreia do Jorge Braz como selecionador – a única ocasião em que Ricardinho e Cardinal estiveram ambos ausentes numa ficha de jogo. Mais recente, se considerarmos os jogos de preparação, aconteceu no duplo embate diante da Noruega, em junho de 2019.
- Igualmente sem Cary
Por outro lado, há que juntar igualmente a ausência de Pedro Cary.
Este experiente trio
soma “tão só” 453 internacionalizações, e também nunca esteve ao mesmo tempo
fora da ficha nos mesmos 72 jogos disputados desde abril de 2008.
O esquerdino algarvio é, a par de André Sousa, o único Campeão Europeu de Seleções (Euro 2018), Campeão Europeu de Clubes (Sporting 2018/19) e Campeão do Mundo Universitário (2018), e esteve presente em 64 dos jogos referidos, sendo autor de 17 golos. De recordar e sublinhar que o atual futsalista dos Leões de Porto Salvo foi o jogador que demorou menos tempo a ser “embaixador”, termo atribuído na chegada às 100 internacionalizações.
O tridente esteve presente em 43 (59,7%) dos 72 embates, e começou junto no cinco inicial em 11 (15,3%) partidas. Representam 129 (46,7%) dos 276 golos obtidos nestes quase 13 anos.
São factualmente imprescindíveis nas escolhas e no peso que têm no rendimento da Seleção, mas igualmente indiscutível a necessidade de cada grupo de “bons rapazes” desde 2008 dar e ser suporte global nos treinos e competições. Indiscutível.
Neste contexto “novo”, encontrar soluções é um desafio interessante para o grupo de trabalho que vai brilhar sábado e terça-feira em Lodz, e os 14 craques (oito campeões europeus) – mescla dos experientes João Matos, Bruno Coelho, Vítor Hugo, Fábio Cecílio, Tiago Brito, André Coelho, Pany, com os menos assíduos Edu, Afonso, Zicky, Erick, Pauleta, Miguel Ângelo, Márcio - vão seguramente fazer valer a máxima que “a equipa é sempre o melhor jogador”. No fundo, serem Portugal.
Pedro Catita