Marquinhos Xavier critica estagnação do futsal brasileiro após título mundial e defende renovação urgente na gestão da modalidade



Apesar de ter conduzido a selecção brasileira à conquista do Campeonato do Mundo de Futsal em 2024, o técnico Marquinhos Xavier considera que o feito teve pouco ou nenhum impacto no desenvolvimento interno da modalidade no Brasil. Em entrevista ao jornal Zero Hora, o seleccionador lamentou a falta de aproveitamento estratégico do título, criticando abertamente a gestão do futsal nacional.

"Circulo muito pelo país e não sinto qualquer efeito prático da conquista. Perdemos oportunidades valiosas de transformar esse sucesso em acções estruturantes. Falta conexão entre a selecção e as instituições que gerem o futsal no Brasil", declarou.

Para Marquinhos Xavier, os entraves vão além da falta de investimento: prendem-se com uma cultura de gestão ultrapassada e resistente à mudança.

"Os relatos que recebo de atletas e treinadores são sempre os mesmos, há décadas. Os problemas repetem-se porque quem está no comando não evolui. A mentalidade continua a mesma. Mudam os protagonistas em campo, mas a direcção mantém-se estagnada", reforçou o técnico natural de Lages, Santa Catarina.

Futsal versus Kings League? Não, mas…

O treinador também abordou a recente ascensão da Kings League, competição que mistura elementos do futebol com novas regras e que tem atraído a atenção do público jovem e das redes sociais. Embora negue uma rivalidade directa, Xavier admite que o futsal precisa de se reinventar para manter relevância e atrair audiências.

"Não temos que competir com outros formatos. O que precisamos é de tornar o jogo mais atrativo, rever regras, posturas e sobretudo o comportamento de quem lidera a modalidade. O espectáculo está nos detalhes", apontou.

Para o seleccionador, a ameaça ao futsal não vem de fora. Vem de dentro.

"Somos especialistas em auto-sabotagem. O problema maior está entre nós. A falta de união, visão e ambição destrói mais do que qualquer outro desporto poderia fazer", afirmou com veemência.

Futuro competitivo e agenda da selecção

Além de liderar a equipa principal masculina, Marquinhos Xavier desempenha funções como coordenador técnico da CBF para todas as selecções de futsal – incluindo femininas e de formação.

Em termos competitivos, o Brasil tem calendário preenchido até ao final do ano. A começar pela Copa das Nações, que terá lugar em Brasília, de 14 a 22 de Setembro. Seguem-se dois amistosos frente ao Japão, marcados para os dias 17 e 19 de Outubro, em Shizuoka. Em Novembro, está prevista a participação na Liga Sul-Americana, e em Dezembro, o seleccionador já confirmou dois encontros amigáveis, provavelmente contra os Países Baixos.

Marquinhos Xavier encerra o apelo com um tom direto e desafiante: "O futsal brasileiro é gigante, mas precisa sair da sombra. O talento existe. Falta-nos visão estratégica, coragem para mudar e vontade política para agir."


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