Riga goleia Prishtina: Identidade, verticalidade, precisão clínica e uma eliminatória desmontada ao detalhe
O Riga entrou como quem sabe exactamente o que fazer, quando acelerar e como controlar cada centímetro da quadra. A equipa de Tiago Polido não veio para gerir a vantagem da primeira mão; veio para reforçar a ideia, para ampliar o domínio e para manter o padrão competitivo que tem marcado esta Champions. Logo aos 1’14’’, Claudino recebeu à direita, leu o espaço interior e finalizou com a frieza de quem abre o jogo e instala o rumo da eliminatória. O próprio Claudino voltou a acelerar o ritmo aos 7’15’’, numa ação típica da identidade do Riga: mobilidade curta, receção orientada, fixação do defensor e finalização seca para o 2-0.
A partir daí, o Prishtina percebeu que estava perante uma equipa com ritmo demasiado alto. A pressão do Riga começou a estrangular qualquer tentativa de saída, as basculações foram sempre tardias e o bloco kosovar nunca encontrou equilíbrio para resistir à avalanche. O 3-0 chegou aos 9’04’’, com Daniel Airoso a aproveitar uma transição rápida e a atacar o espaço como quem lê antes de todos. Aos 11’54’’, repetiu a dose — mesma agressividade no ataque ao espaço, mesma precisão, mesma incapacidade do adversário em cortar a profundidade. Estava feita a confirmação do controlo absoluto.
O Prishtina ainda respirou aos 14’09’’, quando Airoso falhou um penálti que podia ter armado um resultado ainda mais pesado. Mas a resposta do Riga manteve-se fiel ao guião: reacção rápida, bola recuperada em altura, circulação fluida, metros conquistados com intenção. Aos 17’43’’, Fradick Goes fez o 5-0 após leitura perfeita de Gleison Daniel. O jogo já tinha deixado de ser competitivo – era estudo de caso.
A segunda parte começou com o Riga novamente a jogar para a frente. As dinâmicas ofensivas, sempre sustentadas na circulação rápida e na ocupação racional dos corredores, continuaram a abrir espaços. Aos 28’57’’, Mickēvičs elevou para 6-1 depois de Claudino rasgar a linha com uma assistência limpa. E quando o Prishtina tentou reagir, encontrou sempre um Riga organizado, intenso e emocionalmente estável.
Ainda houve tempo para duas assinaturas finais: Vargas aos 36’18’’, num remate que mostrou a maturidade competitiva da equipa, e Rimkus aos 39’53’’, fechando uma exibição autoritária, ritmada e fiel àquilo que este Riga quer ser nesta Champions.
A eliminatória fecha com um 11-4 no agregado. Mais do que números, fica uma ideia: o Riga não quer apenas passar rondas — quer impor uma identidade clara, com bola e sem bola, e posicionar-se como candidato sério. Nos quartos-de-final, encontrará um adversário à altura, mas chega lá com uma certeza: quando a equipa acelera, poucas conseguem acompanhar.
Figura da Partida — Ángel Claudino (Riga)
A centelha que acendeu tudo. Dois golos decisivos, influência permanente nas ligações curtas, aceleração do ritmo em todos os momentos-chave e uma leitura ofensiva que desmontou o bloco adversário desde o primeiro minuto. Claudino foi identidade pura: mobilidade, critério, criação e finalização. O rosto da exibição.