Piast Gliwice perde em casa com o Semey e fica fora da Champions
O Semey assinou uma das exibições mais completas dos oitavos-de-final, vencendo por 3–5 em Gliwice e impondo um controlo competitivo que raramente esteve em causa. Não foi apenas um triunfo — foi um manifesto da identidade que a equipa de Aslan Smakov carrega desde o início da época: critério, agressividade inteligente, paciência com bola e uma frieza clínica sempre que o jogo abre uma brecha.
A noite até começou com o inesperado. Aos 12’’, numa das primeiras aproximações polacas, Korpela ganhou meio metro de espaço e acertou o 1–0, num remate que deixou Higuita sem ação. Mas o Semey manteve o pulso firme. Nada de pressa, nada de ansiedade — apenas continuidade no plano.
A resposta chegou em camadas. Primeiro no controlo territorial, depois na profundidade e, finalmente, no golo. Aos 17’40’’, Piyaly recebeu entre linhas, enquadrou e finalizou com frieza para o 1–1. A partir daqui, o jogo mudou. O Piast perdeu conforto; o Semey ganhou metros, segurança e personalidade.
E a viragem não demorou. Aos 19’35’’, Turegazin, num movimento de ruptura perfeito, atacou o espaço nas costas da linha polaca e fez o 1–2, após leitura exemplar de Marcelo. Era o momento que partiu o jogo — e que tornou o Piast emocionalmente mais frágil.
O segundo tempo abriu com a mesma tendência: critério e verticalidade controlada. O 1–3 surgiu aos 27’51’’, com Pedrinho a finalizar após gesto técnico precioso de Higuita, que encontrou a zona interior com precisão milimétrica.
Ainda assim, o Piast não caiu. A equipa polaca reduziu aos 30’54’’, por Micuim, num movimento de insistência após assistência de Bertoline. Mas o Semey não tremeu: logo aos 30’05’’, Turegazin voltou a aparecer no momento certo, no sítio certo, empurrando o 2–4 num lance que desmontou a última resistência polaca.
O jogo parecia fechado, até que surgiu o golpe final que sela qualquer narrativa: Marcelo, aos 39’02’’, num remate seco e cheio de intenção, assinou o 2–5 — o golo que coroa a sua exibição imperial. Ainda houve tempo para Rimkus reduzir para 3–5 já nos últimos segundos, mas nada que beliscasse a autoridade do Semey.
Foi uma demonstração de maturidade, inteligência emocional e qualidade técnica. O Semey venceu porque controlou quando precisava, acelerou quando quis e matou o jogo nos detalhes que fazem a diferença a este nível.
Figura da Partida — Marcelo (Semey)
Um jogo de assinatura total: leitura, critério, autoridade com e sem bola, participação direta em três golos e um remate final que selou o triunfo. O seu desempenho explicou a identidade do Semey melhor do que qualquer discurso — um líder silencioso que molda o jogo.
O Semey chega aos quartos com estatuto. Não só pela vitória, mas pela forma como venceu: personalidade, método e um plano reconhecível em todos os momentos do jogo. Esta equipa não joga ao acaso — joga com propósito.