Fassy: "Para fazer um treino, percorro 300 KM"

Luiz Alberto Freitas Fassy é brasileiro, tem 31 anos e é natural de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Está a viver em Portugal há 12 anos e chegou para trabalhar e "nunca para jogar". No Futsal, passou pelos Independentes de Sines, Albufeira Futsal, Vasco da Gama e Fabril. Por estes dias analisa algumas propostas para continuar na Liga Sport Zone, depois da despromoção e da final da Taça de Portugal alcançada. Para o então camisola 26, o real motivo para chegar a terras de Camões foi "estar com a minha prima que era casada cá e acabei por começar a trabalhar com eles num café de um parque de campismo" e acabou a fazer 300 quilómetros diários entre Santo André e o Barreiro. Na entrevista de hoje, conhecemos melhor aquele que foi o segundo melhor marcador da fase regular do campeonato, após ter marcado 25 golos, menos 3 que Deives, o melhor marcador da primeira fase.

ZT - A tua chegada a Portugal nunca se deveu ao Futsal. Qual o teu percurso nesta modalidade?

Fassy - Comecei a jogar n´Os Independentes de Sines na época 2006/07, onde estive 4 anos – no último ano aconteceram algumas coisas e acabei por sair e fui para o Albufeira Futsal, onde permaneci 1 ano e não renovei. Voltei novamente a Sines, fruto de uma oportunidade de trabalho e comecei a jogar no Futebol de 11, onde estive 2 meses, pois vi que aquilo não era o ideal para mim – já estava mais habituado a jogar futsal do que futebol de 11. Voltei aos Independentes de Sines onde tive uma pequena lesão no joelho e tive de ser operado aos ligamentos cruzados e ao menisco e acabei por me tratar bem. Mais tarde, o Nanã convida-me para o Fabril – já o tinha feito várias vezes -, e acabei por aceitar e foi onde o Futsal, para mim, correu super bem. Foi onde conseguimos chegar a um patamar muito elevado do Futsal português.

ZT - Para treinares fazes 300 quilómetros entre Santo André e o Barreiro, o que prova o teu carinho por esta modalidade. Como surgiu esta paixão?

Fassy - A paixão pelo Futsal vem desde sempre, porque nós no Brasil jogamos sempre Futebol 11 à tarde e Futsal à noite. Podíamos ser federados nos dois, não havendo problemas com isso, e quando cheguei a Portugal comecei a jogar Futsal, passei a gostar mais e acabei por ficar até hoje e é uma grande paixão.

ZT - És uma das caras fortes do Fabril e dos melhores marcadores da equipa durante as últimas épocas. Que importância teve o Fabril no teu crescimento desportivo e pessoal?

Fassy - Para quem não me conhece, eu luto todos os treinos, todos os jogos para chegar ao meu sonho e os meus colegas de equipa facilitam muito nisso – quando faço um golo, o Elvis até brinca comigo ao dizer que ninguém consegue fazer mais golos que o zuca; ele e eu estamos ser a brincar. O Fabril fez-me evoluir muito nesta vertente do Futsal, onde aprendi muita coisa com o Nanã que é um treinador espetacular e de tudo aquilo que eu sei do Futsal, devo-o tudo a eles. Foi ali onde cheguei ao patamar máximo do Futsal português.

ZT - Muitos não sabem, mas para treinares apenas uma vez, percorres 300 quilómetros, porque trabalhas em Santo André e treinas no Barreiro. Podes explicar este facto?

Fassy - Muitos não sabem, mas eu faço 300 quilómetros por dia para ir treinar ao Fabril. Além de treinar, ainda trabalho – saio de casa às 8 horas para o emprego e saio às 17, para depois fazer os 300 quilómetros (ida e volta). Quando os jogos eram no norte fazia mais ainda e quando chegávamos ao Barreiro, além de tantos outros percorridos, tinha mais 130 quilómetros para fazer. Foi uma luta que tive durante estes últimos 4 anos no Fabril mas valeu sempre a pena – não me arrependo de nada e se for para voltar a fazer isso outraz vez, vou continuar até aguentar e a batalhar para jogar Futsal.

ZT - E o que ainda te move a fazer todas estas viagens pelo Futsal?

Fassy - É a paixão que tenho pela modalidade; é o meu sonho de voltar à Liga Sport Zone, onde já consegui chegar. Foi difícil, com bastantes viagens (treinos e jogos) - cheguei a ter um pequeno acidente de carro no primeiro ano de Fabril, embora nada de mais e correu depois tudo bem. Nunca desisti de nada, batalhei sempre para chegar onde cheguei e só tenho a agradecer ao Fabril.

ZT - Foste o segundo melhor marcador da fase regular com 25 golos, menos 3 que o melhor goleador Deives do SL Benfica. Que balanço coletivo e individual fazes desta temporada?

Fassy - Coletivamente, tivemos altos e baixos na nossa equipa, com os primeiros jogos a revelarem-se complicados, connosco a receber de início as atualmente melhores equipas do Futsal. Só começamos a pontuar a partir da quinta jornada e terminámos a primeira volta da fase regular a apenas um ponto de jogar a Taça da Liga. Depois, na segunda volta, voltámos a ter os mesmos resultados e a pontuar. Tivemos picos baixos e altos e isso uniu-nos mais. Sabíamos das dificuldades que tínhamos para jogar e continuar na Liga Sport Zone – não conseguimos e acabámos por perder no penúltimo jogo; chegámos ao fim do campeonato com a decisão na penúltima jornada e acabámos por descer de divisão. A nível individual, foi uma experiência fantástica e considero que esta foi a minha melhor temporada. Alcancei sempre os meus objetivos – para além da manutenção, queria alcançar o título de melhor marcador pelo qual estive sempre na luta, perto do Deives. Não consegui sê-lo mas foi o melhor que me podia ter acontecido.

ZT - Existe uma grande dúvida em torno da continuidade da secção de futsal do Fabril. Colocando os dois cenários em cima da mesa, é para continuares no Fabril ou poderás te aventurar noutra equipa da Liga Sport Zone? Tens propostas?

Fassy - Não sei, porque neste momento não tenho ligação ao Fabril. Aconteceram algumas coisas que não deveriam ter acontecido – não da parte do staff técnico do Fabril/Auto Kuatrus, mas sim do presidente e não quero saber nada sobre eles. Não vou continuar no Fabril e estou ainda a ver algumas propostas para perceber se vale a pena eu ir ou não – existem algumas da Liga Sport Zone mas não sei nada ainda do meu futuro, porque estou tranquilo e a aproveitar as férias e só no fim do mês saberei.

ZT - O que destacas desta época?

Fassy - Não é preciso nem dizer: a final da Taça de Portugal. Para mim foi o melhor que me aconteceu e foi uma grande felicidade – nós perdemos e lutámos até ao último segundo contra o Sporting, que é uma grande equipa. Ali sim, concretizei o meu sonho de jogar a Liga Sport Zone e estar numa final como é a Taça de Portugal.

ZT - Fassy, foi um prazer e só temos a agradecer pela tua disponibilidade e também dar-te os parabéns pelo amor que tens por esta magnífica modalidade.

Fassy - Obrigado Zona Técnica por conceder esta entrevista e que continuem a fazer esse belo trabalho pelo futsal português. Muito obrigado.