Balanço Liga Sportzone Fusal 2017-2018 por Luís Estrela



Após o final da temporada 2017/2018, é altura de efetuar um pequeno balanço sobre o que foi possível observar em termos do rendimento desportivo das 14 equipas que ao longo de 26 jornadas se defrontaram entre si antecedendo os Play-offs.

A temporada ficou marcada por um campeonato onde duas equipas apresentaram um rendimento diferenciado da grande maioria dos clubes, sendo o Sporting Clube de Portugal e o Sport Lisboa e Benfica, os dois conjuntos mais evoluídos na componente tática/individual e a obter melhores resultados desportivos. O Sporting Clube de Portugal esteve extremamente dominador nos primeiros dois terços do campeonato, apresentou, com a sua qualidade de jogo, diferenças acentuadas relativamente aos seus adversários conseguindo resultados bastante desnivelados que traduziram as diferenças na quadra. Paralelamente o Sport Lisboa e Benfica fez também um campeonato interessante, oscilando boas exibições com outros jogos e poderia ter obtido prestações mais consistentes em virtude dos jogadores disponíveis no seu plantel, mas em termos estatísticos alcançou o melhor ataque da prova, tendo um diferencial bastante acentuado na componente defensiva em comparação com o seu principal adversário.

Logo abaixo destas duas equipas, a nota dominante na Liga Sportzone Futsal 2017/2018 foi o equilíbrio existente entre o 3º classificado e o 13º classificado, verificado nos jogos entre todas as equipas com vencedor incerto e muitas vezes por margem reduzida de diferença de golos. Os 28 pontos que separaram Fabril do Sport Clube de Braga não demonstram a matriz existente neste campeonato, de incerteza total referente aos vencedores dos jogos, sendo muitos deles definidos por detalhes e nos últimos minutos de jogo.

Foi possível observar durante a temporada um crescimento tático de grande parte das equipas, estando os seus treinadores de parabéns pelo trabalho realizado. Os ajustes táticos foram uma constante nesta competição e o conhecimento entre as equipas colocou desafios constantes no plano estratégico, obrigando os jogadores a encontrar respostas diferenciadas perante novos condicionalismos que tinham o objetivo de reduzir a influência de determinados jogadores. Nesta componente as equipas do Braga, Módicus e Fundão estiveram fortíssimas, conseguindo excelentes exibições, muitas delas aproveitando o fator casa mas fica a nota que poderiam ter alcançado resultados muito superiores se conseguissem obter um rendimento estável nos jogos em casa e fora. Estes três conjuntos tem no seu plantel elementos com uma capacidade técnica muito acima da média, estando a evoluir de forma assinalável em virtude do trabalho dos jogadores muito bem suportados pela capacidade evolutiva que os seus Treinadores impõem. Destaque também para as equipas do Lombos e Burinhosa que com o seu modelo de jogo implementado e uma intensidade física muito acima da média conseguiram uma justa qualificação para os Play-offs, facto que poderia também ter sido alcançado pelo conjunto Vila condense e a equipa do Unidos Pinheirense em virtude do seu campeonato regular.

Sendo esta liga muito exigente, algumas equipas com fortes aspirações para esta temporada sofreram bastante para alcançar os seus objetivos. Um conjunto que não tinha as suas peças bem articuladas no modelo competitivo e que não equilibrava de forma serena o potencial individual com a o trabalho coletivo sofria bastante para pontuar ao fim de semana. Infelizmente a equipa do Aves nunca conseguiu traduzir o seu potencial em pontos e a brava equipa do Fabril demonstrou sempre a sua qualidade e coração durante o fim de semana mas acabou por não conseguir os pontos necessários à manutenção na principal liga Portuguesa de Futsal. Neste ponto todos os pormenores contam e a estrutura do Fabril passou por imensas dificuldades ao longo da época.

Uma nota importante para o conjunto do Leões de Porto Salvo e Belenenses, que possuíam ambos planteis com excelentes jogadores, secundados por uma forte estrutura e equipas técnicas competentes, mas que por razões diferenciadas nunca conseguiram equilibrar-se emocionalmente, nem potenciar o seu futsal na quadra, realizando uma temporada muito abaixo do expectável. 

Durante o campeonato foi relevante a importância dos lances estratégicos durante o jogo de Futsal, o equilíbrio emocional que é necessário ter ao longo dos 40 minutos de jogo e a importância de dar espaço aos jogadores mais criativos para procurarem os desequilíbrios na estrutura defensiva adversária.

Em termos globais foi uma época muito positiva suportada pelo feito histórico da nossa seleção ao consagrar-se Campeã da Europa que concedeu um aumento de visibilidade nos jogos de Futsal ao longo do Pais. Os Play-Offs atingiram níveis de emoção muito elevados, com as equipas menos favoritas a proporcionarem muita réplica aos conjuntos mais fortes e onde foi possível observar uma das Finais de Play-Offs mais emotivas de sempre. Espera-se, com a entrada da equipa do Viseu 2001 e do Eléctrico, que acrescentem qualidade e emoção para a próxima edição da Liga Sportzone de Futsal.

Uma nota menos positiva prende-se com o critério demasiado largo que hoje em dia existe no jogo de Futsal em Portugal, potenciando muito o jogo defensivo agressivo retirando espaço aos movimentos dos jogadores mais criativos. Foi observado durante toda a época um jogo extremamente físico e que teve os seus últimos capítulos na final dos Play-Offs de futsal.  Muito difícil o trabalho dos pivots que antes de receberem a bola de costas estão constantemente a ser empurrados pelos seus defensores, retirando-lhes o equilíbrio necessário para produzir os seus movimentos de rotação. Verifica-se também que nos momentos de dribles na ala, os jogadores são afastados automaticamente em falta pelos seus defesas e o critério é muitas vezes “deixar jogar”. O jogo de Futsal pede-se que seja intenso nos limites, mas que não desvirtue as características próprias da modalidade.  A principal marca deste desporto tem a ver com a técnica do atleta suportada pela rapidez de execução e velocidade nos seus movimentos. Se o critério potencia outro tipo de jogo, verificamos duelos defensivos absolutamente descontrolados com o jogo a ter um nível de agressividade demasiado exagerado para os princípios de jogo que compõem esta Modalidade.

Pede-se uma reflexão entre todos os agentes da Modalidade e que o jogo maravilhoso que é o Futsal seja praticado com as características que sempre o definiram.

 

Balanço elaborado por:

Luís Estrela -Licenciado em Treino Desportivo e Treinador de Futsal


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