César Paulo: “Dava o sangue por esta camisola”



Antigo futsalista brasileiro visitou as instalações e ficou impressionado com o crescimento do Clube.

Glória do futsal encarnado, César Paulo concedeu uma entrevista à BTV no Museu Benfica – Cosme Damião e assistiu ao treino aberto da antiga equipa, onde foi acarinhado pelos adeptos presentes. O Imperador, como era conhecido, referiu que ficará eternamente grato ao Clube.

Foi um dos futsalistas que venceram a UEFA Futsal Cup. Ainda sonha com aquele toque de calcanhar para o golo de Arnaldo no jogo da final?
Lembro-me bem e ainda vejo o vídeo muitas vezes. O resumo, os golos, as jogadas, os vídeos nos bastidores, lembro-me muito bem de tudo.

O que sentiu depois do apito final do árbitro dessa partida?
O primeiro sentimento foi de que tinha vencido o título mais importante da minha carreira no futsal. É uma alegria comparada ao nascimento de um filho, porque além de ser uma equipa nova no futsal mundial, era uma equipa que não era favorita ao título. Juntamente com os adeptos – relembro que estavam 9000 pessoas no Pavilhão –, nós conseguimos fazer o nosso papel e garanto que até hoje é o título mais importante de todos os que estavam ali.


Esteve no Benfica seis épocas e conquistou nove títulos. Além da UEFA Futsal Cup, há algum que tenha sido mais especial para si?
Lembro-me de uma Taça de Portugal que nós ganhámos ao Belenenses numa localidade com muitos adeptos. Vinha de uma cirurgia ao joelho, vinha a recuperar e consegui ter um papel importante naquela final, marcar um golo e ajudar a equipa. Lembro-me que a comemoração também foi muito efusiva, foi muita alegria com a conquista desse título. O último Campeonato também me marcou muito.

Houve algum colega que o tenha marcado de forma especial nesse período?
Quando cheguei aqui fui muito bem recebido por todos daquela equipa, todos me marcaram muito. Tenho um carinho especial pelo Zé Maria, que foi o jogador que me trouxe. Nós jogámos juntos em Espanha e ele estava sempre a dizer que me trazia para o Benfica, e um ano e meio depois aconteceu mesmo. Tenho de agradecer a ele e vou estar sempre grato por ter jogado num Clube tão especial.

Como vê a evolução do futsal português e da modalidade no Benfica em particular?
Quando saí daqui nunca deixei de acompanhar, mas acho que evoluiu e evoluiu para melhor. Portugal conseguiu, na temporada passada, o título europeu de seleções. Tem subido o nível e isso tem sido importante para o futsal. É importante valorizar o futsal português mesmo com os estrangeiros que vêm. A prova da evolução é o título europeu.

Que outras memórias guarda com mais carinho dos tempos que passou de águia ao peito?
Tenho muitas histórias de viagens, de estágios… Dei muitas risadas aqui, principalmente nas comemorações. O carinho dos adeptos é uma coisa que me emociona muito e desde que cheguei a Lisboa já várias pessoas vieram falar comigo. Penso que fiz aqui um bom trabalho, onde pude fazer pessoas que acompanham o Benfica felizes e onde também pude ser muito feliz. Houve alguns erros, principalmente da minha parte na última época, isso eu assumo, acho que por isso não continuei. Ninguém é perfeito, nem quero ser, e o que fica na memória é a maneira como fui tratado e a maneira como me dediquei a este clube. Estou aqui agora pelo que fiz pelo Clube, dava o sangue por esta camisola e não tenho motivos para reclamar nem para me envergonhar. Só tenho de estar muito orgulhoso e grato por ter jogado no Benfica.

Partilha da opinião de que a força do Benfica está essencialmente nos seus adeptos?
Claro. Havia jogos aqui em que nós estávamos mais em baixo e do nada as pessoas começavam a gritar. Os adeptos tinham um carinho muito grande pela modalidade e nós ganhámos muitas partidas a ser puxados por eles. Marca muito e a valorização que eles davam depois de um título, depois de uma vitória importante, após uma conquista… Não há como negar, são muito especiais.

O que sente ao ver alguns dos troféus por si conquistados expostos no Museu Benfica – Cosme Damião?
É bom, porque chegar a um clube e ver que se fez parte da história desse clube é muito emocionante. É muito bom saber que ajudei a conquistar o título mais importante desta modalidade.

Contribuiu para um dos períodos mais gloriosos da história do futsal do Benfica. Sente que faz parte dela, que é um símbolo do futsal do Benfica?
Não sei explicar, mas se estou a ser recebido como estou a ser agora ao fim de cinco anos acho que sim. Mas isso são as pessoas que podem dizer, não sou eu. O que eu fiz penso que faz com que isso aconteça.

Depois do Benfica voltou ao Brasil e ainda esteve uma temporada numa equipa da República Checa, onde se sagrou campeão. Que diferenças sentiu nessa experiência?
Ter estado tantos anos numa equipa onde fui muito feliz faz com que qualquer lugar onde eu fosse teria de ser ainda mais especial, a expectativa era bem mais alta. Eu fui para uma equipa no Brasil onde acabei por ser campeão, mas não joguei muito devido a lesões. Depois fui para outra equipa no Brasil, mas também não correu muito bem. Depois fui para a República Checa onde também fui campeão. Lesionei-me no fim e foi aí que decidi parar porque já estava a sofrer demasiado com os joelhos.

Atualmente trabalha na biblioteca da prefeitura da sua cidade. Foi uma opção não continuar ligado ao Futsal?
Foi difícil parar e aceitar, devido à maneira que foi. Inesperado, não estava preparado e tornou-se difícil. Mas hoje levo uma vida tranquila, consegui superar isso, tenho o meu quotidiano lá, a minha vida normal e assim pretendo seguir.

Fits é reforço para este ano. Além de compatriota também é pivô como o César Paulo. Conhece? O que pode dizer sobre ele?
Pessoalmente não conheço, mas já vi alguns vídeos. Pode dar que falar, é um excelente jogador, penso que pode vingar aqui e pode ser vencedor aqui. O pé esquerdo, a força, a proteção de bola, é muito semelhante comigo.

Também jogou com Robinho. Considera que é um dos melhores do mundo?
Joguei com ele três ou quatro anos em São Paulo, também na seleção. Tem um pé esquerdo absurdamente técnico, é muito habilidoso, tem precisão nos passes, constrói o jogo. As pessoas têm razão em dizer que ele é um dos melhores futsalistas do mundo.

Conhece os outros brasileiros que aqui jogam? Que opinião tem sobre eles?
Também joguei com o Fernandinho, é um jogador que faz muitos golos, é um vencedor, um jogador que cheira os títulos e com certeza que não vai sair do Benfica sem ser campeão.

Gostava de terminar com uma mensagem para os Benfiquistas?
Serei grato o resto da minha vida por ter passado por aqui. Lembro-me do primeiro título que ganhei aqui e ter dito que agradecia a Deus todos os dias por ter vindo para o Benfica e na altura até acharam uma declaração exagerada. Mas hoje continuo a dizê-lo.

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